Inquérito apura denúncia de que funcionário teria repassado dados de processos judiciais; juiz sai em defesa do servidor e nega busca em computador
Segundo apuração do jornalista Helton Romano, um inquérito instaurado na Delegacia Seccional de São Sebastião investiga denúncia anônima de que um servidor do Fórum local teria repassado informações de processos judiciais ao ex-prefeito Felipe Augusto.
O investigado é Marcos Miranda dos Santos, conhecido como Pirata, chefe de seção judiciária e candidato a vereador em 2020, quando integrou o grupo político do ex-prefeito.
A denúncia chegou ao Ministério Público, e o promotor Valério Santana solicitou a abertura de investigação policial em outubro do ano passado. Em depoimento, Marcos admitiu amizade antiga com Felipe Augusto, mas negou as acusações. Um colega ouvido como testemunha afirmou não ter “nada a declarar”.
Com base nesses dois depoimentos, o delegado Carlos Eduardo Gomes apresentou relatório final em junho, alegando ter realizado “todas as formas possíveis de investigação”. O promotor Renato Azevedo, porém, considerou o trabalho insuficiente e pediu novas diligências — entre elas, oitiva de outros servidores, apreensão de documentos e verificação dos computadores acessados pelo servidor.
Em agosto, o delegado ouviu o juiz Guilherme Kirschner, chefe imediato de Marcos. O magistrado defendeu o servidor, afirmando que ele trabalha com ele há 20 anos e “nunca teve qualquer problema disciplinar”. Kirschner classificou a denúncia como frágil e negou o pedido de acesso ao computador usado por Marcos.
“Reitero minha total confiança no Marcos. Inclusive ele já podia estar se aposentando. Agora vai ficar mais um ano comigo”, disse o juiz.
Na última sexta-feira, o delegado pediu novo prazo para concluir o inquérito, que segue em andamento.
