Quality Medical é investigada por suspeita de pagar propina ao prefeito afastado Marcelo Lima; empresa também firmou contratos em São Sebastião.
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra a empresa Quality Medical Comércio e Distribuidora de Medicamentos no âmbito da Operação Estafeta, deflagrada em 14 de agosto. A companhia é suspeita de pagar propina ao prefeito afastado de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima (PSD).
De acordo com a investigação, conversas apreendidas com um assessor parlamentar ligado ao esquema apontam movimentações milionárias identificadas pelo codinome “QUALITY”. Em apenas quatro meses, foram registrados valores de R$ 666,6 mil, R$ 230 mil, R$ 642,5 mil e R$ 384,9 mil.
A PF apura que o prefeito recebeu R$ 130 milhões em propinas relacionadas a contratos com diferentes municípios paulistas ao longo de um ano.
Contratos em São Sebastião:
A Quality também fechou contratos com a Prefeitura de São Sebastião: em 2020, no valor de R$ 247,2 mil, e em 2022, no total de R$ 6,09 milhões.
Segundo a Polícia Federal, os sócios da empresa possuem uma holding com uma frota de veículos de luxo e embarcações, entre eles uma Ferrari 296 GTS avaliada em R$ 4,2 milhões, um Porsche 911 Turbo S de R$ 2,1 milhões, um Porsche Cayenne de R$ 1,4 milhão, além de modelos BMW, Volvo, motos aquáticas e lanchas.
Os empresários já foram alvos da Operação Prato Feito, deflagrada em 2018, que investigou desvios de recursos da merenda escolar, uniformes e material didático em diversas cidades paulistas. Na ocasião, a Prefeitura de São Sebastião também foi alvo de mandados de busca e apreensão.
O esquema:
As apurações da Operação Estafeta começaram após a apreensão de R$ 14 milhões em dinheiro vivo no apartamento de um assessor parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo, apontado como operador financeiro do prefeito Marcelo Lima. Segundo a PF, o assessor custeava despesas pessoais da família do político — como cartão de crédito, contas telefônicas e até a faculdade de medicina da filha — por meio de uma empresa de fachada.
Interceptações telefônicas mostram o uso de códigos em conversas entre o assessor e o prefeito para tratar de supostas propinas de empresas contratadas.