Por Joel Silva é jornalista, radialista, consultor político e especialista em rádio e mídias integradas.
Aquidauanense de nascimento, vive em Campo Grande (MS) desde 1990.
Mesmo com a explosão das plataformas digitais, do vídeo sob demanda, do streaming e das redes sociais, o rádio segue vivo — e, mais do que isso, segue forte. Está no carro, no celular, no aplicativo, no trabalho, na cozinha de casa e até acompanhando quem acorda antes do sol nascer. O rádio permanece porque não tenta competir com as novas tecnologias; ele se integra a elas.
Pesquisas recentes mostram que o rádio continua alcançando a maioria da população brasileira, especialmente nas grandes cidades. Em um cenário onde tudo muda rápido, o rádio mantém sua relevância por um motivo simples: ele acompanha o ritmo da vida real. Enquanto o mundo digital exige atenção total, tela e conexão, o rádio segue sendo a mídia que caminha lado a lado com as pessoas — no trânsito, no serviço, em casa ou na estrada.
Outro ponto que sustenta essa permanência é a confiança. Em um ambiente digital tomado por desinformação, o rádio preserva uma credibilidade construída ao longo de décadas. Para grande parte dos brasileiros, a notícia que chega pelo rádio tem peso, responsabilidade e seriedade. E isso não se compra com anúncios, impulsionamentos ou algoritmos: se conquista diariamente.
O rádio também é, por essência, local. Ele fala da rua do ouvinte, do bairro, da cidade. Conta o que afetou a rotina real: a escola que mudou o horário, a chuva que derrubou árvores, a obra que interditou uma avenida. Essa proximidade cria pertencimento — algo que nenhuma plataforma global é capaz de reproduzir.
E a reinvenção já está em curso. Hoje o rádio está em vídeo, nas redes sociais, nos podcasts, nos aplicativos, no WhatsApp, em transmissões simultâneas e em formatos híbridos que misturam som, imagem e interação imediata. O rádio deixou de ser apenas um aparelho: virou um ecossistema de comunicação. Adaptou-se sem perder identidade.
Do ponto de vista político e social, permanece sendo o meio mais democrático. Em campanhas eleitorais cada vez mais caras, concentradas e distantes do cidadão comum, o rádio continua alcançando quem realmente decide o jogo: o povo. Ignorar o rádio é desperdiçar o único veículo presente em todos os lugares — inclusive onde a internet não chega ou chega mal.
Mais do que um meio de comunicação, o rádio é companhia. É informação, é humor, é utilidade pública, é interação humana. É calor. E enquanto houver alguém que queira ser ouvido, sempre haverá alguém do outro lado do rádio pronto para escutar.
