Polícia apura rede de empresas de fachada, contratos cruzados e desvio de recursos no setor de terceirização paulista
A Polícia Civil de São Paulo investiga um possível esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos envolvendo dois dos nomes mais influentes do sindicalismo paulista: Vander Morales, presidente do SINDEPRESTEM e da FENASERHTT, e Genival Beserra Leite, presidente do SINDEEPRES – sindicato que representa mais de 200 mil trabalhadores da área de prestação de serviços.
Segundo as apurações, os dois dirigentes teriam mantido vínculos financeiros e societários por meio de um conjunto de empresas de fachada, criadas para intermediar contratos e convênios supostamente firmados entre as próprias entidades sindicais.
Essas companhias, registradas em endereços residenciais e repetidos, apresentam capital social elevado, mas não possuem funcionários, veículos nem atividade econômica comprovada.
Fontes ligadas à investigação apontam que parte das empresas ligadas à família de Morales foi usada para movimentar valores provenientes de contribuições e convênios, com o objetivo de ocultar o real destino dos recursos.
Entre os sócios, aparecem a esposa e os filhos de Vander, o que reforça a suspeita de uso familiar para blindagem patrimonial.
Outro personagem central é o contador Rafael Gomes Fernandes, responsável por vários desses registros empresariais. O profissional é citado em outras investigações ligadas à “Farra do INSS”, escândalo que apurou fraudes e descontos indevidos em benefícios previdenciários.
A repetição de nomes, endereços e vínculos contábeis, segundo investigadores ouvidos pela reportagem, indica um padrão típico de estruturas montadas para lavagem de dinheiro.
O SINDEEPRES, presidido por Genival Beserra Leite, teria celebrado contratos e convênios com empresas associadas a Vander Morales, o que pode configurar conflito de interesse e favorecimento indevido.
Ambos os dirigentes, além de dividirem influência sobre o setor, mantêm sedes sindicais no mesmo endereço comercial no centro de São Paulo, na Avenida São Luiz, 258, reforçando a tese de integração operacional entre as entidades e seus dirigentes.
Fontes próximas à apuração afirmam que o caso já foi encaminhado ao Ministério Público do Estado de São Paulo, que analisa a existência de enriquecimento ilícito, corrupção ativa e associação criminosa.
O inquérito, instaurado pela Delegacia Seccional de Guarulhos, segue sob sigilo, e novas diligências devem ser realizadas nas próximas semanas.
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A GUARDIÃ DA NOTÍCIA ACOMPANHA O CASO
A Guardiã da Notícia segue acompanhando as investigações e trará novas informações sobre o avanço do inquérito e os impactos deste escândalo no setor de terceirização e representação sindical paulista.
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