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BRASÍLIA: INVERSO CELEBRA DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA COM OFICINA, MÚSICA E CELEBRAÇÃO CULTURAL NA 408 NORTE

Iniciativa gratuita estará aberta ao público das 9h às 17h, com foco em Saúde Mental e acolhimento da população negra

O Brasil para oficialmente no dia 20 de novembro para celebrar a Consciência Negra, marcada pelo aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência ao sistema escravocrata. A Inverso prepara uma celebração à altura da data, com música, dança e muita exaltação às raízes que deram ao Brasil um tempero a mais – e uma ligação umbilical com a África. O espaço da 408 Norte será ocupado por frequentadores, oficineiros(as) e pela diretoria da Organização Não-Governamental (ONG).

Com a estrutura à disposição dos frequentadores, as atividades começam a partir das 9h e vão até as 17h. Além da abertura dos trabalhos, estão previstos exibição de curta-metragens, palestras, oficinas de turbante e dança afro e, para balançar o corpo, um show da Banda Lua Elétrica Vermelha agita a programação. No encerramento, os presentes terão uma sessão de sarau, para apresentações livres – inclusive com batalha de rimas.

“A Inverso colabora para o combate a todas as formas de opressão. Sempre vi o projeto como um espaço de reivindicação de novos públicos, para ampliar a compreensão de saúde mental como dimensão que envolve também aspectos sociais, raciais, de gênero e sexualidade”, aponta Deyvid Cardoso, produtor cultural da ONG. “Produzir o dia da Convivência Negra na inverso está sendo de suma importância. Além da nossa luta antimanicomial, podemos lutar contra o racismo, a homofobia e todas as formas de preconceito”, indica.

Neste país que mal consegue fazer justiça pelo passado, o presente ainda se mostra desafiador. E, por óbvio, viver numa sociedade que nega acesso por causa da cor da pele tem suas consequências na mente. Para Deyvid, a atuação na Inverso proporciona formas de enfrentar isso de frente.

“Particularmente falando, empecilhos a gente como pessoa negra sempre vamos ter, seja pessoal ou profissional. Profissionalmente, sou muito grato por tudo que está acontecendo, pois tudo é oportunidade de valorização do corpo negro nos territórios, especialmente nas artes e na cultura”, pontua.

Pronta para a luta

Cerca de 5% das pessoas autodeclaradas de cor ou raça preta estão na extrema pobreza, enquanto 30% eram pobres. Entre brancos, as taxas ficam em 2,6% e 17,7%, respectivamente. Na área da Saúde, são números ainda mais assustadores. A população preta é a que mais morre em todas as faixas etárias, exceto acima dos 80 anos, o que torna a velhice, no Brasil, um privilégio branco. Vítimas de violências as mais diversas, as pessoas pretas, em geral, têm expectativa de vida consideravelmente menor que a média das pessoas brancas.

Auxiliar de enfermagem, Therezinha é uma das muitas provas vivas do que a Inverso proporciona na vida das pessoas, gerando um ciclo virtuoso na própria instituição. Hoje oficineira de Artesanato, chegou lá na outra ponta, “como frequentadora”. “Fiz a oficina de música, mas entrei na de artesanato, aprendi, e hoje sou da diretoria, mas sempre nas oficinas”, conta a também historiadora, que está todas as terças no local. E garante: “as pessoas se transformam quando usam a arte para alguma coisa”.

Mulher negra, ela conta que encontrou diversas barreiras na vida por causa da cor da pele, principalmente no âmbito profissional. “Várias vezes tive que travar uma batalha após outras para não ser vencida pelo racismo e preconceito. Hoje, atuo sempre retribuindo o acolhimento recebido e o conhecimento adquirido na convivência. A Inverso está de portas abertas, com o debate atualizado sobre qualquer tipo de discriminação e preconceito, travando e encampando todas as lutas de minorias”, crava.

Portas e corações abertos

No Centro de Convivência, um ideal de especialistas é visto na prática: a Saúde Mental é um direito de todos. E o faz de forma lúdica, por meio das artes, em linha com o legado de Nise da Silveira, a maior referência brasileira na luta antimanicomial. É esse conceito da Inverso. O encarceramento de pessoas em sofrimento psíquico apenas agrava condições mentais. Na experiência da instituição, o acolhimento e o desenvolvimento de novas habilidades são o caminho para avanços mais significativos na busca por uma pacificação mental e um convívio em sociedade.

“É um local de portas abertas”, como diz Giovanna Momenté, secretária-geral do Centro de Convivência. “As pessoas são livres para ir e para voltar. Quem quiser entrar, é só chegar e participar., explica. Mostra, portanto, que o cuidado não se faz atrás de grades ou paredes, nem mesmo contra a vontade de quem mais precisa dele. É preciso querer. E o exemplo de Nise, seguido pela Inverso, mostra que não basta ter o cuidado em Saúde Mental: ele precisa ser qualificado e, sobretudo, partir de um ser humano para outro.

A Inverso não tem fins lucrativos e boa parte do orçamento usado para o evento e mesmo para a manutenção do espaço vem de doações e parcerias com o poder público. É neste escopo que a ONG se habilitou para receber incentivos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), criada a partir da Lei Aldir Blanc, esta sancionada em 2020 para fomento do setor cultural e criativo no auge da pandemia de covid-19. O apoio da política pública foi possível por meio de parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Seec-DF).

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