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ARTIGO DE OPINIÃO : TAINARA NÃO É SÓ UM NOME : É UM GRITO DE QUE O BRASIL INSISTE EM NÃO OUVIR

Por Camila Cabral

Ela tinha nome.
Tinha filhos.
Tinha sonhos.
Tinha uma vida inteira pela frente.

Mas, para o Brasil, Tainara virou manchete.
Virou número.
Virou estatística.

Tainara Souza Santos lutou pela vida por semanas depois de ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro na Marginal Tietê, em São Paulo. Um crime brutal, violento, desumano. Na véspera de Natal, enquanto famílias se reuniam para celebrar, Tainara perdeu sua batalha. Seus filhos, a mãe. A família, um pedaço da própria história.

Não foi um acidente.
Não foi uma fatalidade.
Foi violência.

E, depois de sua morte, o caso passou a ser tratado como aquilo que sempre foi: feminicídio.

Quando a violência contra a mulher vira rotina

O que mais assusta não é apenas a brutalidade do crime. É a frieza com que ele se soma a tantos outros. A velocidade com que a indignação dura alguns dias — até ser substituída por uma nova tragédia.

Quantas mulheres precisam morrer para que a sociedade pare de normalizar a violência?

Tainara saiu de um bar. Um lugar comum. Um gesto cotidiano. Nada ali justificava o fim que teve. Mas, mais uma vez, uma mulher foi silenciada por um ato de extrema agressividade, diante de uma sociedade que muitas vezes prefere desviar o olhar.

Por trás da manchete, ficaram os filhos

Dois filhos ficaram.
Uma casa que agora carrega o silêncio.
Uma mãe que nunca mais volta.

É impossível não pensar no impacto que esse crime deixa para além do noticiário. Crianças que crescem com a ausência. Famílias marcadas para sempre. Um vazio que nenhuma decisão judicial consegue preencher.

Justiça é necessária.
Mas ela não devolve vidas.

Feminicídio não é um problema individual. É coletivo.

Enquanto a violência contra a mulher continuar sendo tratada como “mais um caso”, continuaremos falhando como sociedade. Falhamos na prevenção. Falhamos na educação. Falhamos na proteção.

Precisamos falar sobre isso.
Precisamos nos indignar.
Precisamos cobrar.

Porque Tainara não pode ser apenas mais um nome lembrado por alguns dias. A história dela precisa incomodar. Precisa gerar mudança. Precisa nos obrigar a fazer perguntas difíceis:

O que estamos fazendo para proteger mulheres?
Onde o sistema falhou — de novo?
Até quando vamos aceitar?

Que Tainara não seja esquecida

Que o nome de Tainara seja lembrado não só pela violência que sofreu, mas como símbolo de um problema urgente que exige ação, empatia e responsabilidade coletiva.

Enquanto houver uma mulher sendo silenciada, nenhuma de nós estará realmente segura.

Tainara não é estatística.
É alerta.
É dor.
É um grito que precisa ecoar.

Por justiça.
Por memória.
Por todas nós.

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