Por Mauro Souza, que é engenheiro elétrico com pós-graduação em robótica e mestrado em telecomunicações.
Atuou como gestor do SERPRO (Serviço Federal de Processamento de Dados), diretor de tecnologia no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no STF (Supremo Tribunal Federal), e diretor de tecnologia na Presidência da República.
Foi presidente do Conselho de Modernização dos Correios e diretor executivo de empresas nacionais e multinacionais. No momento, é sócio-fundador da Quantum Tecnologia e da BX Analytics.
Autor do livro “Política de Tecnologia da Informação no Brasil: um Caminho para o Século XXI”, foi professor de pós-graduação da Universidade Católica de Brasília e eleito IT Leader pelo International Data Group.
Foi membro do Comitê Executivo do Governo Eletrônico (destinado a instituir a política de tecnologia da informação do Governo Brasileiro) e membro do Comitê Executivo para a Política de Segurança das Informações do Governo Federal.
Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt ganharam o Prêmio Nobel de Economia de 2025, por “explicarem o crescimento econômico impulsionado pela inovação”.
Mokyr, mais especificamente, demonstrou que a cultura, as crenças e os valores da sociedade são — e permanecerão — fatores decisivos nas transformações sociais.
Um ano antes, em 2024, o Nobel de Economia foi concedido a Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson, que também abordaram o crescimento econômico. O trabalho deles defendeu que instituições inclusivas, que garantam direitos de propriedade e universalização de oportunidades (incluindo educação e oferta de crédito), são cruciais para o crescimento econômico de longo prazo — enquanto instituições extrativistas levam a baixos níveis de desenvolvimento.
O fato é que, nos últimos dois anos, o Nobel honrou “o crescimento econômico e a prosperidade”. As obras dos laureados costuraram questões fulcrais e complementares, como instituições inclusivas, capital humano, oferta de crédito e inovação — tudo isso sob a batuta de um caldeirão cultural, tracionado por princípios de moralidade, ética e confiança.
Precisamos colocar uma lupa no cenário intensivo em geopolítica que vivenciamos — onde a principal diferença, frente a outros momentos da história, é o deslocamento das tecnologias de IA para o epicentro da contenda entre as nações.
A relevância da China no campo da IA continua se ampliando. De acordo com o Artificial Intelligence Index Report 2025, da Universidade de Stanford, o país responde por impressionantes 69,7% das patentes de IA concedidas globalmente.
Nos Estados Unidos, por outro lado, as patentes e publicações acadêmicas ligadas à IA continuam muito citadas internacionalmente, indicando uma forte influência qualitativa.
Não por acaso, conforme o Global Vibrancy Tool 2024, também da Universidade de Stanford, Estados Unidos, China, Índia, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos encabeçam o ranking da IA, no que tange a capital humano, inovação, quantidade de patentes, disponibilidade de infraestrutura, aporte de investimentos, crédito, geração de excedentes de energia, proliferação de startups, fusões e aquisições.
O mesmo estudo de Stanford, que avaliou 36 países, apontou o Brasil na posição…
Já o Índice Global de Inovação (IGI) 2025, divulgado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), nos colocou na posição 52 no cenário da inovação global — uma queda de duas posições em relação ao ano anterior, quando perdemos a liderança da América Latina para o Chile.
Mudar o jogo é possível. Temos janelas de oportunidade e de excelência em setores estratégicos como o agro, o petróleo, a indústria aeronáutica e a indústria farmacêutica.
Podemos até reverter o nosso fraco apetite ao risco e seguir o conselho do Nobel Philippe Aghion, que afirmou ser “preciso premiar o risco, e não a inércia”.
O que me causa arrepios são os ditames de moralidade, ética e confiança que, conforme os laureados pelo Nobel dos últimos dois anos, assumiram uma posição de alavanca para a tão almejada prosperidade.
Aqui o jogo será bruto. Reverter a chamada Lei de Gerson e absorver a moralidade como uma bandeira nacional será uma tarefa árdua.
Vamos em frente.