Estado cita repasses e estrutura existente, mas aumento da população de rua põe eficácia em xeque
Após a grande repercussão da reportagem sobre o crescimento da população em situação de rua em Ubatuba, a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo se manifestou. Em nota, a pasta informou que o município conta atualmente com 259 pessoas cadastradas nessa condição, segundo dados do CadÚnico de maio. Ao todo, 18.475 pessoas vivem em extrema vulnerabilidade na cidade, com renda per capita abaixo de R$ 218.
A secretaria ressaltou que atua com repasses financeiros, apoio técnico e fortalecimento da rede socioassistencial local. Em 2025, foram destinados R$ 369,4 mil por meio do Fundo Estadual de Assistência Social (FEAS), além de R$ 264,7 mil reprogramados de 2024. Segundo a pasta, esses recursos são aplicados em ações de proteção básica, média e alta complexidade.
Ainda conforme o Estado, Ubatuba foi contemplada com R$ 54,2 mil para o fortalecimento da vigilância socioassistencial, além de um repasse adicional, previsto para este ano, de R$ 523,9 mil. Desse total, R$ 144,5 mil são para proteção básica, R$ 354 mil para média e alta complexidade e R$ 25,4 mil para benefícios eventuais.
A estrutura municipal conta com três CRAS, um CREAS, serviços de acolhimento e equipes de abordagem social. Apesar disso, o aumento visível de moradores de rua em áreas turísticas como o Centro, Itaguá e Praia Grande levanta questionamentos sobre a efetividade e a aplicação desses investimentos no território.
A reportagem anterior revelou episódios de abordagens agressivas e situações de vulnerabilidade extrema nas ruas da cidade, incluindo perseguições, acampamentos improvisados e tentativas de sensibilização forçada. Comerciantes, moradores e turistas demonstraram preocupação com a sensação de insegurança e a falta de respostas mais rápidas do poder público.
Mesmo com o volume expressivo de recursos citados, a percepção entre moradores e comerciantes é de que a realidade nas ruas contrasta com os números apresentados. O avanço dessa situação evidencia a necessidade de ações mais assertivas, fiscalização da aplicação dos recursos e maior transparência na política de atendimento à população em situação de rua.
A Secretaria reforçou que os recursos visam justamente ampliar a capacidade de resposta da rede socioassistencial e prometeu seguir atuando em parceria com o município. A situação, no entanto, segue em análise por parte da sociedade civil e de vereadores que cobram soluções estruturais urgentes.